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quinta-feira, 7 de julho de 2011

Texto Declaração de Bens

O pai moderno, muitas vezes perplexo e angustiado, passa a vida inteira correndo como um louco em busca do futuro e esquecendo-se do agora. Nessa luta, renuncia ao presente. Com prazer e orgulho, a cada ano, preenchem sua declaração de bens para o imposto de renda. Cada nova linha acrescida foi produto de muito trabalho. Lotes, casas, apartamentos, sítios, casas de praia, automóvel do ano, tudo isso custou dias, semanas, meses de lutas. Se partir de repente, já cumpriu sua missão e não vai deixar sua família desamparada.

Esse homem se esquece de que a verdadeira declaração de bens, o valor que efetivamente conta, está em outra página do formulário do imposto de renda: naquelas modestas linhas, quase escondidas, onde se lê declaração de dependentes. São filhos que colocou no mundo, a quem deve dedicar o melhor do seu tempo.

Os filhos só querem um pai para conviver, dialogar, brincar. Os anos passam, os filhos crescem, e o pai nem percebe, porque se entregou de tal forma à construção do futuro, que não participou de suas pequenas alegrias; não teve tempo para assistir à coroação de sua filha como Rainha da Primavera. Um executivo não deve desviar sua atenção para essas bobagens. São coisas para desocupados.

Há filhos órfãos de pais vivos, porque estão "entregues", o pai para um lado; a mãe, para outro, e a família desintegrada, sem amor, sem diálogo, sem convivência.

Depois de uma dramática experiência pessoal vivida, a mensagem que tenho para dar é: "não há tempo melhor aplicado do que aquele destinado aos filhos".

Dos 18 anos de casado, passei 15 absorvido por muitas tarefas, envolvido em várias ocupações e totalmente entregue a um objetivo único e prioritário: construir o futuro para três filhos e minha mulher. Isso me custou longos afastamentos de casa: viagens, estágios, cursos, plantões no jornal, madrugada no estúdio da televisão... Uma vida sempre agitada, tormentosa e apaixonante, na dedicação à profissão, que foi na verdade, mais importante do que a minha família.

Agora, estou aqui com o resultado de tanto esforço: construí o futuro, penosamente, e não sei o que fazer com ele, depois da perda de José Carlos e Mariana.

Do que vale tudo o que juntei, se esses filhos não estão mais aqui, para aproveitar isso com a gente? Se o resultado de 30 anos de trabalho fosse consumido agora por um incêndio e, desses bens todos, não restasse nada mais do que cinzas, isso não teria a menor importância, não ia provocar o menor abalo em nossa vida, porque a escala de valores mudou e o dinheiro passou a ter peso mínimo e relativo em tudo.

Se o dinheiro não foi capaz de comprar a cura do meu filho amado que se drogou e morreu; não foi capaz de evitar a fuga da minha filhinha, que saiu de casa e prostituiu-se, e dela não tenho mais notícias, para que serve? Para que ser escravo dele?

Eu trocaria, explodindo de felicidade, todas as linhas da declaração de bens por duas únicas que tive de retirar da relação de dependentes: os nomes de José Carlos e de Mariana. E como doeu retirar essas linhas na declaração de 1986, ano base 1985. José Carlos morreu aos 14 anos e Mariana fugiu um mês antes de completar 15.


RAFARILLO IND. CALÇADOS LTDA.

Por uma vida melhor


Encontrei esse texto na caixa de sapato do meu irmão e recortei e guardei.

Possuo esse texto faz muitos anos e agora chegou a hora de passá-lo adiante.

Lariane

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Alerta! Como as crianças entendem as histórias

Muitas vezes numa biblioteca nós emprestamos livros que são infantis ou infanto-juvenis e não conhecemos o livro inteiro.
Esses tempos, li um livro O menino que espiava para dentro de Ana Maria Machado para contar uma história e tal foi a minha surpresa com alguns trechos. A criança personagem queria ficar só na imaginação e não queria viver a realidade; pensava em fazer como a bela adormecida no bosque que dormiu 100 anos ou como a branca de neve que comeu uma maçã e se entalou e morreu, chegou o príncipe encantado e a "acordou". A personagem tentou fazer como nas histórias.
Todas as viagens imagináveis e os conselhos de seu amigo imaginário a levaram à realidade.
É um livro subjetivo, as crianças adoram. O menino não morreu , ele cuspiu a maçã. A princesa encantada era sua mãe o acordando. Ganhou um amigo real, o cachorro.
Eu considero o livro muito bom. Mas, devemos trabalhá-lo em sala ou na biblioteca, para verificar o que os leitores entendem como realidade ou ficção na história. Como eles vêem o guri? O que eles acharam do livro? Como escreveriam o final da história? Por que a autora pois o nome do livro de O menino que espiava para dentro?
Lariane

Era uma vez...

Era uma vez


Assim vai começar


A linda história


Que agora vou contar.




Batam palmas minha gente!!!


Batam palmas outra vez


Batam palmas bem contentes


Que vou contar...




Era uma vez...




Laerte Vargas






Cunhambebe




Era uma vez um índio, um guerreiro que não deixou dizimar os índios, tentou...


Esse índio chamava Cunhambebe, dizem que tinha um jeito especial de falar com as pessoas.


Ele era da nação Tupinambá, filho do Pai Supremo - povo de Deus. Esse povo faz parte do tronco Tupi-Guarani.


Nosso índio teve 14 mulheres, era o mais valente guerreiro , nunca levava desaforo pra casa; era cruel com os inimigos, até os devorava nas festas religiosas.


Nosso índio era um canibal. Até hoje, as pessoas não gostam de imaginar um índio que comia outro ser humano, nesse ponto os brasileiros atuais não perdoam. Mas Cunhambebe viveu na época do descobrimento do Brasil. Ele defendia sua terra.


As coisas não foram tão simples. Não era só ele que tinha crueldade, os portugueses queriam escravizar os donos da terra, nossos índios.


Cunhambebe era um político, tomando grandes decisões, conversando com sua fala mansa, sendo o mais forte e temido chefe indígena brasileiro.


Sua arma mais poderosa foi a quantidade de índios que iam em uma canoa, ou melhor em várias canoas atacando as naus e caravelas portuguesas. Ele chamava os portuguêses de "perós" (feroz). Para ele, os portugueses eram covardes.


Teve uma certa amizade com os franceses.


Cunhambebe foi o chefe supremo da Confederação dos Tamoios. Declarou guerra aos perós. Isso fez diminuir a captura de vários índios.


Essa Confederação dos Tamoios durou cerca de 12 anos, foi a maior organização indígena que lutou contra os portugueses.


Cunhambebe morreu entre 1957 e 1960 de uma doença passada pelos brancos.


Cunhambebe não era o Chefe quando mataram os tamoios, pois já havia morrido.


Cunhambebe deve ser lembrado como nosso herói nacional, pois era o chefe maior do litoral paulista e da região do Rio de Janeiro (nome atual).




História baseada nas palavras de Antônio Torres no seu livro Meu Querido Canibal.


domingo, 15 de maio de 2011

O texto mais ouvido e mais engraçado: O pobre Cocozinho...

Era uma vez um cocô. Um cocozinho feio e fedidinho, jogado no pasto de uma fazenda. Coitado do cocô! Desde que veio ao mundo, ele vinha tentando conversar com alguém, fazer amigos, mas quem passava por ali não queria saber dele:


_ Hum! Que coisa fedida! - diziam as crianças.


_ Cuidado! Não encostem na sujeira! - avizavam os adultos.


E o cocozinho, sozinho, passava o tempo cantando, triste:




Sou um pobre cocozinho


Tão feinho, fedidinho


Eu não sirvo para nada


Ninguém quer saber de mim...




De vez em quando ele via uma criança e torcia para que ela chegasse perto dele, mas era sempre a mesma coisa:


_ Olham a porcaria! - repetiam todos.


Não restava nada para o cocô fazer, a não ser cantar baixinho:




Sou um pobre cocozinho


Tão feinho, fedidinho...




Um dia ele viu que um homem se aproximava; já imaginando o que ia acontecer, o cocozinho se encolheu.


"Mais um que vai me xingar", pensou. Mas... Oh! Surpresa! O homem foi chegando, abrindo um sorriso, e seu rosto se iluminou:


_Mas que maravilha! Que belo cocô! Era exatamente disso que eu precisava.


O cocô nem acreditava no que estava ouvindo. Maravilha, ele? Precisando?


Aquele homem devia ser maluco!


Pois aquele homem não era maluco, não. Era um jardineiro.


E, usando uma pá, com todo o cuidado, ele levou o cocozinho para um lindo jardim.


Ali, acomodou-o na terra, ao pé de uma roseira. E, depois de alguns dias, o cocozinho percebeu, feliz e orgulhoso, que, graças a sua força, a roseira tinha feito brotar uma magnifica rosa vermelha, bela e perfumada.




Rosane Pamplona, autora deste conto, foi professora de língua portuguesa em várias escolas e universidades. Atualmente escreve livros, conta histórias e forma professores.




Essa história é o máximo! Não há quem não caia na risada, principalmente quando eu canto a música do nosso personagem.


Até mais...